Ghosting: quais são os sinais?

Padrões de comportamento podem estar presentes e serem indicativos de ghosting, mas nós nem sempre estamos prontos para compreendê-los.

Ghosting: quais são os sinais?

Cada pessoa carrega consigo uma maneira única de ver o mundo. Essa maneira é baseada na forma como ela foi criada, no local e com as pessoas que lhe ofereceram referências de vida, à época em que viveu, ou seja, as suas experiências prévias. Assim, duas pessoas podem vivenciar uma mesma situação, tal como num relacionamento, e ter percepções completamente diferentes.

Tendo como base essa percepção pessoal de cada um, podemos encontrar, principalmente nos momentos de paixão, pessoas que supervalorizam qualidades que atribuem ao parceiro ou parceira em detrimento de características “menos valorosas” que preferem ignorar.

Em relações mais duradouras isso não deixa de acontecer, uma vez que tendemos a ser mais condescendentes e flexíveis com aqueles com quem temos vínculos afetivos. Às vezes aguentamos certos desaforos, atrasos, lapsos e qualquer outro tipo de quebra de acordo explícito ou implícito na relação simplesmente porque a pessoa que está falhando é alguém de quem se gosta muito.

Esse tipo de ver apenas o que se quer ou o que se consegue individualmente  —  pode ser chamado de CEGUEIRA SELETIVA.

Exemplo:  Pedro é o novo namorado de Joana. Tudo parece muito bem nos primeiros meses. Eles possuem afinidades, saem juntos e se divertem. Certo dia, entretanto, Pedro contou a Joana que, meses atrás, terminou um namoro anterior de 8 anos após suspeitar que a ex-namorada estava traindo-o. Segundo suas próprias palavras, ele ligou para a sua namorada da época em uma hora específica. Assim que ela atendeu. Pedro percebeu que a moça estava em uma balada. Na sequência, ainda no telefone, perguntou se ela estava “com alguém”. Segundo o seu relato, ela teria vacilado na resposta. Ambos moravam em cidades diferentes e não muito próximas. Assim, ele contou que pediu a um conhecido para pegar as coisas dele e, em seguida, enviou as coisas dela. Ele completa a história dizendo que nunca mais falou com ela, nem por telefone. Eles não conversaram sobre o ocorrido e um namoro de 8 anos, com plano de casamento, terminou após a suposta traição subentendida.

Quando Joana escutou essa história pensou: “Puxa, que sorte eu tive. Era para ele ter se casado com essa moça”. O que ele estava mostrando a Joana, porém, era a maneira como ele tinha finalizado um relacionamento de 8 anos: término radical após uma suposição não comprovada que provavelmente ele usou apenas como “desculpa” para o descarte.

Apenas meses depois, quando Pedro abandonou Joana de forma também abrupta e sem lhe dar espaço para nenhum diálogo , foi que ela percebeu que, para ele, aquele tipo de comportamento não era uma exceção e sim a regra.

Ou seja, esse é apenas um exemplo que demonstra como padrões de comportamento podem estar presentes, mas nós nem sempre estamos prontos para compreendê-los.

Esses padrões também podem aparecer quando uma pessoa só procura a outra tarde da noite porque quer manter contatos íntimos. Ou, ainda, quando a pessoa reiteradamente adia encontros ou não tem tempo, ou mesmo paciência, para conversas rotineiras.

Pode existir um desgaste e/ou afastamento prévio de uma das partes — e que não foi compreendido de maneira objetiva por aquele que ficou para trás.

Mas, é importante salientar, essa discrepância na compreensão dos sinais podem ajudar a explicar por que o outro “não se foi” de maneira tão repentina quanto parecia. Entretanto, encontrar uma lógica para algo que aconteceu não torna o ato moralmente justificável. Afinal, se houve rituais para iniciar uma relação, subentende-se que ela também precisa ser terminada de forma digna, se esse for o caso.

Texto da psicóloga Josie Conti

Fragmento do livro: Ghosting: como enfrentar os dias mais difíceis depois que a pessoa que você ama some sem dar explicações

Josie Conti é idealizadora, administradora e responsável editorial do site CONTI outra e de suas redes sociais. Psicóloga com mais de 20 anos de experiência, teve sua trajetória profissional passando por diversas áreas de atuação como educação, clínica (consultório, grupos pré-cirurgia bariátrica e de reeducação alimentar, acompanhamento de pacientes idosos e acamados, além de recursos humanos e saúde do trabalhador. Teve um programa de rádio diário, o CONTI outra, na rádio 94.7 FM de Socorro. Atualmente realiza vídeos, palestras, cursos, entrevistas, e escreve para diversos canais digitais. Sua empresa ainda faz a gestão de sites como A Soma de Todos os Afetos e Psicologias do Brasil. Possui mais de 11 milhões de usuários fidelizados entre seguidores diretos e seguidores dos sites clientes. Também realiza atendimentos psicológicos online. Diariamente, inicia seu dia com uma live no Instagram, o projeto CONTI comigo, onde oferece informações e dicas psicológicas para quem quer realizar mudanças em suas vidas. Em março de 2023 lançou o livro “Todo pé na bunda nos empurra para frente”.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui